As caixas criativas

Alguns meses atrás comecei a desenvolver essa ideia de criar uma caixa criativa. Podemos dizer que este projeto é um dos meus muitos projetos da pandemia. Esse blog inclusive, é cheio deles, na verdade ele é também um deles.

Q que é uma caixa criativa?

A ideia da CAIXA CRIATIVA é criar uma série de caixas que contenham todas as ferramentas e o material para uma pessoa começar um projeto criativo. Como a minha maior experiência é com encadernação, as primeiras caixas que pretendo desenvolver são caixas criativas de encadernação artesanal como a que mostro no vídeo do primeiro protótipo de CAIXA CRIATIVA: encadernação copta.

Caixa Criativa: Encadernação Copta
Caixa Criativa: Encadernação Copta – manual

Cada uma das caixas deverá conter todo o material e todas as ferramentas para criar um produto criativo, que no caso da caixa acima é um caderno copta. A ideia surgiu a partir de duas experiências distintas. A primeira de cursos de encadernação que eu dei em que as pessoas tinham muita dificuldade de encontrar as ferramentas e o material para continuar produzindo depois da oficina e o segundo, a minha experiência de estar sem as minhas ferramentas e não conseguir comprar um kit com todas as ferramentas necessárias já prontas na internet. A ideia da caixa soluciona esses dois problemas de uma vez só, oferece as ferramentas e os materiais ao mesmo tempo. Tanto encadernadores experientes quanto pessoas interessadas em encadernação podem comprar uma CAIXA CRIATIVA e passar a criar as suas próprias encadernações.

Quando? Como?

Por hora ainda não consegui colocar todos os pingos nos Is. A ideia é fazer uma vaquinha para arrecadar o valor inicial do projeto ou vender algumas oficinas de encadernação para começar a produzir as CAIXAS CRIATIVAS. Estou trabalhando com o prazo para novembro/2022.

Bicicleta dobrável

Comprei uma bicicleta dobrável.

O objetivo dessa compra é não me sujeitar a pegar dois ônibus e ficar esperando vários minutos na parada de ônibus.

Explicando: a linha que passava dentro do campus da UFRN foi desativada na pandemia. Ela não será reinstaurada com a abertura e a volta as aulas. Na minha humilde opinião, a pandemia foi a desculpa da empresa de ônibus para se livrar de uma linha de ônibus que não tinha muitos usuários e é a prova de uma prefeitura conivente com qualquer decisão tomada por uma empresa privada que oferece um serviço público – e sim, as linhas devolvidas pelas empresas deveriam ser retomadas pela prefeitura e o serviço precisava ser mantido! Como eu não sou prefeita, a cidade é gerida por oligarcas desde sempre e o número de vereadores de esquerda é bem pequeno, resta tentar ser mais esperta do que ficar na parada de ônibus 30 minutos para realizar um percurso de menos de 2km.

Honestamente, o percurso da minha casa para a universidade não é exatamente longo, o negócio todo, é que eu estou bem fora de forma, e a minha MTB que seria a escolha perfeita para esse trajeto foi roubada.

Foi assim que eu me animei em comprar a bicicleta dobrável para fazer o intermodal – que quer dizer utilizar dois tipos de transporte diferentes para um determinado trajeto. Então a ideia é utilizar o ônibus para a maior parte do trajeto e a bicicleta na parte menor. Partindo do princípio de a) vou conseguir levar a trazer a bicicleta no ônibus; e b) que eu vou conseguir realizar o trajeto menor, 2km, de bicicleta.

A primeira coisa que eu senti é que a experiência de pilotagem com a aro 20 é mais dura do que com MTB. A segunda coisa é que acostumar a carregar os 13,3 kg da bike desmontada pra subir e descer do ônibus também é mais difícil do que parece.

O problema do momento é que eu comprei a bicicleta de segunda mão e ela tinha um problema na trava do guidon, um probleminha que o rapaz que me vendeu me certificou de que era “facilmente resolvível com um ponto de solda. Levei pra soldar e ficou ótima, levei pra regular e puft, dois dias depois a peça soldada quebrou na minha mão de novo. Agora estou estudando mandar soldar novamente, opção a, ou comprar uma nova haste do guidon inteira, opção b – o que é uma desgraça, porque a belezinha não tem pra vender aqui, e importando do Ali custa quase 140 reais…

Enfim, essa é a novidade dos últimos dias, e também que deixei de concorrer num trabalho incrível porque perdi todos os prazos pra enviar currículo. Mais updates no futuro, talvez.

Um Kleingarten pra chamar de meu

Quando eu morei na Alemanha tive a oportunidade de conhecer de perto os Schrebergärten ou Kleingärten. O nome desses jardins é a junção de dois substantivos – Klein = pequeno e Garten = Jardim – e os pequenos jardins são pequenas porções de terra alugada pelas prefeituras de algumas cidades alemãs. Como estou no projeto de fazer um homeoffice de uma casinha abandonada nos fundos da minha casa, resolvi também investir em um jardim pra chamar de meu. A missão agora é tentar fazer o meu próprio Kleingarten.

Quando eu estava estudando na Alemanha, lembro de ter lido esse artigo na Deutsch Welle sobre os jardins pequenos que eram a cara dos alemães. Na verdade, eles são um fenômeno. Diz o artigo, escrito em inglês, que se o movimento de hortas urbanas – especialmente nos Estados Unidos da América – são o mais novo passatempo dos hipster – os Schrebergärten já fazem parte da história da Alemanha e são verdadeiras instituições daquele país.

O que é um Kleingarten?

Um Kleingarten é um pequeno lote de terra com uma pequena casa, na qual não se pode morar. A casinha, pode ser igual ao que a gente consideraria aqui no Brasil uma casa de favela ou uma casinha de gnomo extremamente elaborada, usualmente rodeado por um jardim ou uma horta nos quais os alemães passam os seus dias de folga trabalhando na terra e também os dias quentes do verão fazendo churrasco e tomando cerveja.

Um Kleingarten em Osnabrück na Alemanha ficava no caminho para o supermercado

Os jardins eram conhecidos como jardim dos pobres quando começaram a ser implementados a partir de 1864. Surgiram nas grandes cidades graças as ideias de um médico chamado Moritz Schreber, e por isso os jardins também são conhecidos como Schrebergarten, em homenagem ao médico.

Durante as duas guerras mundiais nas quais a Alemanha esteve envolvida, e no período entre as guerras, que representou um empobrecimento da população alemã, os Kleingärten foram foram fundamentais para a sobrevivência de muitas famílias, garantindo o que hoje chamamos de segurança alimentar.

Após a Segunda Guerra, os jardins, normalmente localizados em terrenos indesejados perto de linhas de trem e longe dos centros das cidades, deixaram de ser uma necessidade e passaram a ser um luxo. Quando alguém dizia que uma pessoa tinha uma mentalidade Schrebergarten na Alemanha, isso queria dizer que a pessoa era antiquada, quadrada e burguesa como explica essa reportagem da BBC.

O grande problema dos Kleingärten durante algum tempo, me explicam as minhas fontes alemãs, é que alguns desses loteamentos de jardim se tornaram tão cheios de regras que ficava difícil relaxar e se divertir plantando na terra com as próprias mãos.

Todavia, a reportagem da BBC mostra que as coisas estão mudando. Os jardins, artigos de luxo para uma geração que cresceu durante o boom econômico da Alemanha, passaram a ser cobiçados por uma geração de jovens profissionais interessados em produzir seus próprios alimentos e transformar a relação com o consumo.

A preocupação dessas jovens famílias é na transformação do consumo e a proteção ambiental, além na criação de um espaço pra relaxar dentro das cidades. A procura de jovens e de jovens famílias pelos pequenos jardins levou a uma enorme fila de espera que, que de acordo com a reportagem de 2019, possui 12.000 pessoas aguardando uma vaga.

Questões locais.

Durante anos venho acompanhado a luta de pessoas especiais como Nevinha Valentim e a minha própria mãe, Graça Leal, na tentativa de criar uma horta urbana dentro do bairro de Ponta Negra em Natal-RN.

A ideia a ideia de criar uma horta em um dos terremos do bairro vem movimentando pessoas da comunidade há anos, mas ainda não vingou, infelizmente. Mas ela nunca foi tão atual! Especialmente quando Governo Federal atual está tão empenhado em empobrecer a população e em envenenar os alimentos nas lavouras aprovando o uso de cada vez maior agrotóxicos – a segurança alimentar relacionada à consciência ecológica são temas extremamente relevantes.

Na ausência de uma horta comunitária, me restaram poucas opções, e por isso decidi criar uma pequena horta na minha própria casa, um Kleingarten pra chamar de meu. Essa é a minha forma de ação política, ecológica, anti-consumista, e uma forma de me conscientizar sobre a minha própria alimentação.

Fazer uma horta é fácil!

Você já deve ter ouvido que é fácil começar um jardim, ou uma horta. Mas na minha experiência, o processo é um pouco mais complexo. Um jardim e especialmente uma horta, necessita de tempo e a linha de aprendizagem envolve tentativa e erro, e milhares de horas assistindo vídeos no youtube. (No momento eu estou viciada no canal da Robbie e do Gary).

A primeira coisa que plantei foram tomates e vou falar uma coisa, desde Setembro do ano passado estou tentando fazer com que as 20 ou 30 mudas de tomate, deem tomates. Até o momento nenhum fruto suculento chegou até os meus lábios e até agora nada. Claro que a invasão dos coelhos e a destruição de vários pés por eles não ajudou muito…

Por hora, além dos tomates estão plantados dois pés de abobrinhas e dois de abóbora, além alface, cebolinha e coentro. Estou comprando material e tomando algumas decisões em relação a dois canteiros suspensos que quero criar. Eles ainda não saíram do papel, porque preciso de muita terra pra criar os canteiros.

Dessa necessidade, surgiu o projeto da composteira que estou fazendo utilizando os restos da cozinha, as folhas da mangueira e o esterco dos coelhos. Porém, assim como os outros planos do meu Kleingarten, a composteira demanda tempo. Ela só terá composto pronto em três meses. Essa é a primeira lição do meu Kleingarten: para que as coisas venham a ser, elas dependem de cuidado, e também de tempo.

Com alguma sorte em breve terei alguns frutos do meu trabalho e nas palavras de outro jardineiro do youtube, mesmo que eu não alimente toda a minha família à partir dessa horta, produzir um ou dois pequenos itens pra nossa refeição já me encherão de orgulho – isso se os coelhos deixarem!

Como acabar com a procrastinação e escrever a sua tese em 4 meses.

Se você chegou aqui achando que este post vai resolver o seu problema, ele não vai. Este post e os outros posts dessa série que eu talvez venha a escrever no futuro são crônicas da minha própria experiência tentando escrever a minha tese em 4 meses, sem procrastinação. O post foi escrito originalmente em 22.02.2022 porque eu achei que esta seria uma data bacana de começar a escrever. Como tive que renovar esse blog e estou pagando uma pequena fortuna, resolvi também publicar ao menos uma vez por semana.

Esse foi o título sugerido pela minha amiga K. a quem já devo tanto por outras aventuras. K é uma doutora em física que eu conheci porque ela era doida por rugby e acabou me convertendo. Eu joguei rugby durante uma década da minha vida adulta. Mas não estou aqui pra falar sobre rugby, estou aqui pra falar sobre como acabar com a procrastinação e escrever a teses em 4 meses, se procrastinação fosse um esporte talvez eu tivesse em melhor forma.

A minha vida, assim como a minha escrita, é um eterno fluxo mental. Todos os pensamentos ocorrem ao mesmo tempo, todas as atividades atrapalham umas as outras e eu luto diariamente com a necessidade de estruturar a minha vida, ainda mais. Bourdieu tem um termo estruturas estruturadas estruturadoras, e é mais ou menos isso que eu preciso. Basta dizer, pra começo de conversa que eu não tenho estruturas estruradas estruturadoras, mas a minha vida tem sido uma batalha morro acima na tentativa de criá-las e sim, se um dia você já subiu morros,  e é estremamente cansativo subir qualquer colina da vida, ainda mais lutando contra qualquer coisa, usando uma armadura completa.

Bem estou no meu 5º ano de um doutorado em Estudos da Linguagem em uma universidade pública e sim, já estou nos acréscimos do segundo tempo. Os alunos de doutorado  Tenho ¼ da tese escrita, engordei 15 quilos nos últimos anos e sim, eu jogo na megasena todas as semanas na esperança de ganhar e poder devolver o dinheiro da bolsa de pesquisa que eu recebi nos últimos 4 anos, só pro caso de eu não conseguir entregar a danada da tese.

Eu poderia aborrecer todo mundo falando sobre o tema da minha tese, mas o tema da minha tesa já esta- ou ao menos deveria estar sendo – escrito na minha tese.  Mas eu vou aborrecer vocês com outras coisas. A primeira delas é uma descrição de todas as coisas que estão acontecendo enquanto eu ouço Fruits of my labour da Lucinda Williams – eu gosto da Lucinda Williams, um dos meus sonhois de consumo e uma das coisas que ocupam o meu cérebro é o programa de rádio que eu vou apresentar no spotify, eu entendo de rádio? Não. Eu entendo de música? Sei lá, eu adoro ler review de música e ouvir música, eu tenho um violão, isso conta? – e sim, esse texto tem uma playlist no spotify. 

Já esqueci do que eu estava falando… eu estava falando de todas as coisas que estão acontecendo… a primeira coisa é que eu estou em casa, a biblioteca da universidade não abre desde o início da pandemia e eu não tenho pra onde fugir. Nesse momento estou tentando montar uma batcaverna onde era o depósito, nos fundos da minha casa, mas esse projeto vem acontecendo desde o início de janeiro, uma vez que descobrimos que a energia elétrica lá estava com problemas e já viu, o que era uma boa limpeza e uma arrumação se  tornou uma mini reforma.

Nesse minuto em que estou sentada pra editar e publicar esse texto, também estou com uma baita dor no quadril porque eu resolvi fazer a instalação de água e esgoto da pia da “cozinha” do meu home office, e claro que fiz esforço demais quebrando a parede e me machuquei.

Além das atividades domésticas eu também crio três cachorros, 9 coelhos, e se tudo der certo em breve terei também 5 galinhas, e tenho plantas, e quero uma horta. Provavelmente você, assim como eu, sabe que esse não é o melhor momento pra começar uma horta.  

Isso tudo sem mencionar o que é chamado no mundo moderno de obcessecado pelo sucesso e pelo trabalho de procrastinação e que eu chamo simplesmente de: as coisas que me trazem felicidade. 

Entre elas está a encadernação, assistir vídeos no youtube de gente construindo sua própria casa, todos os projetos faça você mesmo que você pode imaginar, cursos de desenho e escrita da domestika, bullet journal, escrever em diário, costurar estojos e bolsos, reaproveitar embalagens de ração de cachorro, bolsas de bicicleta à prova d’água, fotografia urbana, sketch urbano, aprender alemão e cozinhar.  Agora que Grey’s anatomy vai voltar, inclua aí também Grey’s anatomy, e uns outros seriados que eu ainda assisto. 

Com tantas outras coisas acontecendo, e sem mencionar os problemas, o covid e outras coisitas mais, ainda tem que escrever a tese de doutorado. 

A K. disse que eu deveria começar encarnando a Maria Kondo e arrumando a minha mesa e trabalhando pelo menos 5 minutos na tese e é isso que eu vou fazer, mas é melhor começar logo porque já são 18h. 

História Vila da Vila

A História Viva da Vila insere-se entre as narrativas que  fazem oposição às políticas de esquecimento, registrando uma história viva, oral, que ainda pulsa. Essa é uma história de pessoas comuns ignoradas pelo poder público, um resgate de uma memória coletiva que vive na lembrança dos mais velhos, mas da qual os mais jovens pouco sabem. Durante o século XX, as guerras, os regimes totalitaristas, os genocídios, as ditaduras, os crimes contra a humanidade e os campos de concentração impuseram uma reflexão sobre a importância da memória, a importância de lembrar o passado para não repetí-lo. Os relatos reunidos neste livro não deixam de ser um eco desse movimento de valorização da memória.

Essa publicação desse ebook acontece com o apio da Fundação Capitania das Artes, Funcarte, através da Lei Aldir Blanc o que permitiu que ele fosse publicado permitindo o download gratuito aqui.

Dois irmãos em Plena Madrugada

Dois irmãos em Plena Madrugada é um podcast que trata de audiovisual, cinema de guerrilha e a imagem da pessoa comum. Nesse podcast Maíra e Gil Leal discutem as várias dimensões da produção visual como um processo de emancipação individual, coletiva e social.

Esse projeto foi colocado em marcha por causa do Prêmio Culturas Integradas da Fundação José Augusto graças a Lei Aldir Blanc, que tivemos a oportunidade de ganhar em 2020. A primeira temporada do Dois Irmãos foi realizada com esse apoio.

Para participar do nosso podcast , entre em contato!

De Bolso, do Nada

De Bolso, do Nada realizado com o apoio da Funcarte – Natal/RN, por meio do edital do eixo 3, com recursos oriundos da Lei Aldir Blanc. Vamos fazer um caderno a partir de uma sacola de papel kraft reutilizada. A técnica do caderno labirinto é útil e versátil e perfeita para quem quer um caderno de bolso para fazer pequenos desenhos e anotações.

Princípios de Encadernação e Autopublicação

Princípios de Encadernação e autopublicação é formado por um conjunto de vídeos-processo que mostram extensamente o processo de pesquisa e criação envolvidos na ideia de se criar uma autopublicação. Para demonstrar todas as etapas do processo criamos um Zine simples, que chamamos de FACIN#1.

Esses vídeos-processo-pesquisa foram realizados graças ao apoio recebido pelo edital Troca de Saberes a distância da Fundação José Augusto, Lei Aldir Blanc, Governo do Estado do Rio Grande do Norte.